sábado, 10 de julho de 2010

Russet Noon - Capítulo 06: Viagem ao Mundo dos Espíritos {Parte 1}

Eu tinha minha opinião formada. Eu não ia deixar que a híbrida continuasse com seu jogo sádico. Ela poderia ter um exército inteiro cheio de monstros escondidos na floresta, que depois de testemunhar o que ela tinha feito para a Loira e Sam, eu sabia que tinha visto o bastante. Essa foi a gota d’água para mim. Agora eu podia ver claramente o que a sanguessuga estava fazendo.

Ela estava nos pegando um por um.

Primeiro Nessie, então Edward, depois foi Sam, e agora a Loira. Ainda assim, eu sabia que ela não pararia ali. Se seu padrão de ataque me ensinou alguma coisa, eu diria que ela estava apenas começando. Sua missão era nos caçar até que cada um de nós estivesse morto. Não restava nenhuma dúvida sobre isso.

Havia apenas um obstáculo que ela tinha subestimado. Eu. Eu, Jacob Black, iria detê-la. Solenemente, jurei aniquilar a aberração da natureza, mesmo se tivesse que sacrificar minha vida para isso.

Todo Titã tinha sua fraqueza. Eu não era nenhum especialista em mitologia, mas tinha lido o suficiente para usar isso em meu favor. Não importava o quão poderosa uma metamorfa poderia ser, ou mesmo quantos sanguessugas ela tinha sob seu comando.

O lobo dentro de mim havia predito o meu destino e agora não havia mais volta. Eu seria o David para seu Golias, o Perseus para sua Medusa, o matador para seu dragão. Você entende o meu ponto!

O mais indispensável é que eu estava certo de que usar o talismã contra a híbrida seria minha única oportunidade de derrotá-la, mas ainda teria que descobrir como. Certamente, tinha que haver um segredo para isso, e, até agora, tudo parecia indicar que a resposta que eu procurava me esperava no mundo dos espíritos.

Mudei de direção enquanto caminhava na ponta dos pés, prestes a voltar para a casa, quando eu percebi que Sam estava fraco e fora cambaleando entre um passo e outro como se estivesse prestes a desmaiar. Foi quando tomei conhecimento da inflamação em torno das marcas de garras em seu ombro.

As feridas não estavam cicatrizando tão rápido como deveriam. Na verdade, tinha minhas dúvidas se elas de fato se cicatrizariam. Elas pareciam inchadas, infectadas e com algum tipo de líquido aquoso escorrendo para fora delas.

Estava fazendo o meu melhor para não me encolher ao ver aquilo, eu só podia esperar que o líquido emergente não fosse nada além que pus inofensivo, algo que poderia ser tratado em casa com qualquer antibiótico comprado sem necessidade de receita médica. Eu não queria nem considerar a possibilidade de que aquilo pudesse ser veneno de vampiro, porque, se fosse esse o caso, Sam iria cair morto em menos de uma hora. O veneno de vampiro era a única coisa neste mundo que podia matar um lobisomem.

Posicionando meu ombro debaixo do braço bom do Sam, levei-o a passos largos na direção da casa, carregando-o junto comigo. “Onde estão os outros irmãos do bando?” eu o incitei, sacudindo-o repetidamente para que abrisse as pálpebras caídas.

“Eu os perdi.” Sua voz soou tão fraca, que mal podia entender o que tinha acabado de me dizer. “Nós fomos separados”.

Como se eu já não tivesse muito mais do que minha gama de preocupações para lidar! Ainda, mesmo então, segui em frente, tentando com todas as minhas forças afastar as visões da carnificina que invadia minha mente.

Subi alguns degraus da parte frontal da casa em pânico, pensando que diabos eu diria ao Dr. Cullen sobre a Loira. Que eu deixei alguma gárgula alada voar com a sua filha? O simples fato de pensar nisto me atormentou com tanta vergonha que o sangue correu para meu rosto, corando minhas bochechas de vermelho quente.

Mas eu sabia que o Dr. Cullen seria a única pessoa que poderia me dizer se Sam tinha sido ou não contaminado com veneno de vampiro, por isso reuni coragem para abrir a porta e rapidamente arrastar Sam para dentro.

“O que aconteceu com ele?” Emily gritou, correndo de encontro a seu noivo ferido.

Muito atordoado para ser capaz de falar, eu olhei em choque ao meu redor. O círculo de proteção havia sido quebrado. Alice estava ajudando Esme a recolher suas coisas. Os Cullen estavam obviamente se preparando para sair, mas para onde iriam? Nessie ainda estava desaparecida, Emmett e Jasper não haviam voltado da floresta. Os olhos de Edward tinham a mesma expressão vaga de antes, e eu ainda tinha que dar a notícia sobre a Loira.

Congelei no lugar assim que meus olhos encontraram com os de Bella, que estava sentada na mesa de jantar. Seus olhos mudaram de uma nuance de preto para vermelho carmim brilhante. Isso significava que ela tinha bebido sangue humano. Evitando o meu reflexo, ela ergueu uma taça de vinho até lábios e, em um único gole, bebeu o líquido borgonha nele. Pensei comigo de quem seria aquele sangue, mas tive medo de perguntar.

Quando eu virei um pouco o olhar, eu não tinha nada a perguntar, porque a resposta estava bem diante de mim. O ermitão estava sentado diante de Bella, com a manga da camisa enrolada para dar espaço para o tubo intravenoso ligado ao seu braço. A outra extremidade do tubo foi conectada a um saco plástico transparente cheio de sangue, igual ao que usamos para coletar o sangue que eu tinha doado para Edward.

“O que está acontecendo aqui?” eu finalmente consegui perguntar, engolindo dificilmente.

“Jacob”, respondeu o Dr. Cullen enquanto removia o tubo do braço do eremita e pressionou uma bola de algodão na ferida, um orifício minúsculo deixado pela agulha. “Venha comigo filho, vou explicar tudo”.

“Você não está partindo, está?” Eu olhei para Bella esperando que me apoiasse, mas eu podia ver em seus olhos que sua única preocupação naquele momento era fazer com que o copo vazio fosse recarregado.

Delicadamente, acenando com a cabeça, o Dr. Cullen esvaziou o sangue do saco no copo e entregou a Bella. “Vamos ter uma conversa”, ele me disse.

“Você não pode partir!” Eu levantei a minha voz, incapaz de esconder a minha frustração. “Diga-lhes, Sam! Diga-lhes o que acabou de acontecer a Rosalie!”

Mas Sam apenas oscilava dentro e fora da consciência, então ele simplesmente gemeu algo indistinto e adormeceu nos braços de Emily.

“Eu vi o que aconteceu com ela”, Alice interferiu, seu tom de voz estranhamente calmo. “É por isso que temos de partir”.

Estreitei meus olhos suspeitosamente para como Esme e Bella estavam posicionadas em pé ao lado de Edward, segurando seus braços para ajudá-lo a se levantar do sofá onde estava sentado. Junto com Alice, cada um deles trocou abraços de despedida com Seth e Leah. Então, conduziram o atordoado Edward até porta da frente. Alice os seguiu, como se Edward fosse um prisioneiro que escoltavam.

“Bella!” eu implorei mais uma vez, embora em meu coração eu já soubesse que era inútil qualquer tentativa de fazê-la mudar de idéia. Seus olhos carmesim me mostraram que ela estava decidida a partir de qualquer maneira.

Ela acenou para mim, sua pele vislumbrou como milhares de diamantes em miniatura, enquanto a luz do sol atravessava pela aberta. “Ouça ao Carlisle e você vai entender tudo.” Com isso, ela mandou-me um beijo e saiu pela porta.

Eu literalmente senti como se uma das minhas pernas tivesse sido amputada abruptamente e sem anestesia. Doeu minha alma vê-la partir, especialmente sob tais circunstâncias. Por tudo que eu sabia, essa poderia ser a última vez que a veria.

Dr. Cullen gesticulou para que eu o acompanhasse pelo corredor, e eu fiz com relutância, uma vez que nenhuma explicação neste mundo, não importando quão lógica, jamais me convenceria deixar Bella partir.

Bella era minha ligação mais forte com Nessie, ao mesmo tempo havia o vínculo emocional que compartilhávamos, um vínculo que só tinha se tornado mais forte com o tempo. Sem dúvida, Bella era minha melhor amiga. E ainda assim, com todas as emoções confusas que ela despertou em mim recentemente, eu suspeitava que as coisas estivessem prestes a ficar realmente complicadas entre nós . . .

Se nós sobrevivêssemos para nos ver novamente.

0 comentários: