sexta-feira, 30 de abril de 2010

Novo still de Eclipse!

Acho que vocês já viiram stills bem parecidos com esse... Mas agora a qualidade está boa, e foi divulgado oficialmente pela MTV... Bella e Edward no quarto da Bella, e na armação (?) da cama podemos ver o protetor de sonhos que o Jacob deu a ela.

Solitário - Capítulo 35: Seriam Os Volturi?

Setembro – 1862

Havíamos conquistado Saltillo e Monclova.

E mais algumas cidades.

Apresento-lhes, o resto do Norte do México e parte do Texas em nossas mãos.

Reynosa, Heroica Metamoros, Torreón, San Fernando, Ciudad Victoria, Piedras Negras, Nuevo Laredo, San Antonio, Austin, San Marcos, San Ângelo, Midland, Abilene, Waco, Killeen, Lodessa e Fort Stockton.

A ganância de Maria era tanta que nem eu fui capaz de pará-la.

O poder a estava deixando cega. Cega e surda, por que muda não era. Mandar era tudo o que fazia de melhor nesses dias.

Eu estava treinando novamente os nossos vampiros. Mesmo tendo perdido alguns recentemente, ocupamos seu cargo com outros.

Gerardo era general sulista. Tinha o dom da força. Ele podia, se quisesse, levantar uma rocha do tamanho de uma montanha com o menor esforço. O que os outros vampiros faziam em vários, ele podia fazer sozinho.

Javier era soldado na base de Austin. Tinha o dom da amizade. Não era muito útil, pois era amigo de todo mundo e conseguia, sem esforço, esconder suas reais emoções de mim. Eu não gostava deste.

Juan também estava na guerra, mas era enfermeiro na base de San Antonio. Tinha o dom de saber o estado físico com apenas um toque. Ao tocar uma pessoa, ele saberia qual seu ponto fraco físico e então poderia o atacar ali – como todos os outros, eu havia lhe ensinado a batalhar.

Marcos não era soldado, mas fazia parte da Polícia local de Austin. Tinha o dom da audição. Tudo, absolutamente tudo, ele ouvia – muito mais que qualquer outro vampiro. Ele ouvia os corações batendo a milhas de distância, podia ouvir uma formiga andando em direção ao formigueiro, ouvia os gritos e até estouros das batalhas do outro lado do Texas – o que podia confundi-lo, mas, eu consegui ensiná-lo a se concentrar no que quisesse ouvir.

E deu certo!

Todos se deram bem em nosso grupo! Éramos vinte e três vampiros novamente, com exceção de Maria, Lucy e Nettie.

Monterrey era a nossa cidade escolhida para nossa “base”. Ficávamos indo de cidade em cidade de tempos em tempos para ver se tudo estava caminhando conforme nossos planos. Assim, comandávamos todas as nossas cidades sem esforço... Até que um grupo do Sul veio nos atormentar.

Já fazia quase que um mês que não íamos, porém, para o Sul de nossa área – pouco mais abaixo de Monterrey.

Exatamente no início da segunda semana do mês, eu estava terminando o treinamento dos nossos recém chegados. Estávamos na parte em que lhes ensino como criar estratégias para ganhar do inimigo.

Maria estava conversando com Lloyd sobre as possibilidades de novos ataques – apesar de que Lloyd dizia que não era uma boa coisa continuar tão depressa ou então ele tentava desconversar.

Lucy estava com Daniel, e Nettie com Carlos Antônio. Ambos fazendo sabe-se lá o quê em sabe-se lá onde.

Eu estava com Gerardo, Javier, Juan e Marcos em uma das ruas largas e quase que desabitadas da cidade. Enquanto conversávamos sobre quais eram os pontos fracos dos vampiros, Maria e Lloyd estavam sentados em uma guia apenas nos olhando ocasionalmente.

Foi então que ouvimos um forte baque na terra – eu pelo menos senti e ouvi levemente bem distante. O som não foi como um trovão ao atingir o solo, muito menos como se fosse algo caindo ao chão. Soou mais como um acidente de colisão entre trens. É como se o choque entre eles fizesse a terra tremer profundamente.

“Você sentiu isso?” Maria perguntou ao Lloyd – que negou.

“Eu senti” lhe disse. Ambos estávamos preocupados com o que poderia ser – os demais apenas olhavam confusos uns aos outros tentando encontrar alguma resposta. “Você ouviu isso, Marcos?”

Ele concordou com a cabeça pensativo.

“Sabe identificar o que é?”

“Sim, é uma explosão. Está havendo algo muito grande na cidade” ele respondeu apreensivo.

“O que pode ter sido?” Maria perguntou também apreensiva.

“A pergunta não é o que pode ter sido ao certo, mas quem fez isso!” dei meu veredicto.

Parei, olhei para o chão e tentei me lembrar de onde é que tinha sentido primeiro o tremor. Meu pé direito tinha sentido o tremor antes mesmo que o esquerdo, pois então o barulho vem do Sul.

Olhei para Maria, que agora estava desesperada com o que poderia ser. Eu podia afirma, com absoluta certeza, que ela estava pensando que eram as pessoas que ela mais tentava fugir: os Volturi. Mas se fossem, não tínhamos mais nada a fazer. Era enfrentar de frente e ponto final.

“Acalme-se” lhe disse emanando uma forte onda de tranquilidade para todos ali presentes.

“Se for os Volturi, Jasper, teremos de enfrentá-los?” Lloyd veio ao meu lado.

“Creio que sim!”

“Teremos alguma chance?” Javier perguntou.

“Sim, somos vinte e três soldados e somos muito fortes e inteligentes. Temos chance de enfrentá-los sim, só não sei se...” – não tive coragem de continuar, afinal, Maria estava em frente a mim, e eu não queria deixá-la desesperada ainda mais com o que pudesse acontecer se eles, os Volturi, interferissem.

“Não sabe o quê?” Gerardo questionou-me.

“Bem... não os conheço e muito menos o jeito que eles atacam!”

“Eu sei” Maria disse amedrontada – mandei-lhes outra onda, agora com um mínimo de felicidade, mas repleto de ânimo e coragem. Que era o que precisávamos. Todos mudaram de postura rapidamente. – “Eles não costumam salvar pessoas. A regra é simples: é não se deixar ser visto. Não há exceções.”

“Mas não estamos sendo visto, Maria!” Juan disse.

“Você não está entendo Juan. Muitas coisas expõem os vampiros. O simples fato de ir se alimentar já faz com que você fique exposto!” ela tentou explicar.

“Então somos expostos todo dia” Javier concluiu. “Mas nunca ninguém veio atrás de nós! O Jasper mesmo nos disse isso!”

“Eu sei Javier, mas é que eu quase fui perseguida uma vez e vi outros sendo perseguidos pelos Volturi.”

“Não sei aonde quer chegar!” Juan disse.

“É simples, Juan” Lloyd começou, “enquanto agimos com cautela e responsabilidade, nada nos acontece. Não é proibido que vivemos contanto que saibamos ficar escondidos do mundo. Eles não podem saber quem somos.”

“Continuo sem entender...” – Juan estava tentando compreender. Coitado!

“Ok” – esta era a minha vez de tentar. – “Nós nos arriscamos vivendo em um mundo no qual não nos pertence. Vivemos entre os humanos. Mas mesmo assim, mesmo sendo algo deles, nós tomamos para nós. As cidades que estamos incluindo no poder de Maria nos deixa expostos.”

“Ah sim, entendi agora. É como daquela vez que você contou que, da última vez, eles entraram no meio por conta das brigas entre vampiros” Juan, por fim, entendeu.

“Sim, e as batalhas entre vampiros são violentas. A nossa pele é muito rígida. Para acabar com nossa espécie, temos de esquartejar. É algo complicado, às vezes” Maria disse, apreensão retornando a ela. “Quanto mais barulho fazemos, mais chamamos a atenção dos humanos. E isso não é bom para nós. Realmente não é!”

“Isso quer dizer então que temos de lutar, não importa com quem formos?” Gerardo disse.

“Isso mesmo, Gerardo” lhe respondi – todos estavam começando a ficar mais calmos conforme a situação estava sendo explicada, com exceção de Maria.

“E por isso, vamos precisar de você Gerardo” Maria disse com as mãos unidas como se estivesse implorando.

“Contem comigo!” – Gerardo era um homem em que todos podiam confiar para esses tipos de trabalhos pesados.

“E conosco também!” Javier disse, se referindo a ele, Juan e Marcos. Todos estavam dispostos a encarar o escandaloso que estava adentrando na cidade.

“Bem” Maria disse pouco mais feliz, “então temos de encontrar todos os outros agora!”

Saímos correndo em nossa velocidade vampiresca – se fossem os Volturi na cidade, já estávamos ferrados do mesmo jeito. Chegamos onde estávamos passando os dias, uma antiga casa de madeira. Entramos, e então, por sorte, encontramos todos já reunidos.

“Que bom que chegaram! Ficamos preocupados com o barulho!” Lucy disse – Daniel tentou acalmá-la com um abraço meio que de lado, mas isso não foi o suficiente. Fato é que todos estavam preocupados. Uma onda de tranquilidade atingiu todos, e então todos se acalmaram – pelo menos, até que a decisão de ir até lá fosse tomada, eles precisariam estar bem calminhos.

“Então, o que faremos?” Nettie perguntou.

“Vocês sabem o que foi o barulho?” Lucy perguntou, Marcos respondeu.

“Uma explosão. Algo muito poderoso!”

Senti que a tensão estava querendo aumentar novamente, então mantive a tranquilidade ali naquela sala.

“Pensamos que pode ser os Volturi” Maria alarmou. Nettie e Lucy se entreolharam. Ambas sabiam que era uma possibilidade muito real de acontecer. Maria estava muito poderosa. O Norte do México estava, praticamente, em suas mãos. Parte do Texas era dela também. A área era imensa. Era muito provável que, mais cedo, mais tarde, os Volturi nos encontrariam.

“Sim, pode ser” Nettie disse.

“E se for, é tudo sua culpa Maria!” Lucy disse.

“Como é que é?” Maria respondeu.

Oh meu deus, por que nunca irei entender as mulheres? Elas estavam bem consigo até agora há pouco. A mudança de sentimento foi tão repentina, e tão bruta. O que é que eu devo fazer?

“Por favor, senhoritas, acalmem-se!” – lá vai outra onda forte de tranquilidade. Sem os ânimos alterados, esta poderia derrubar facilmente o mais forte dos vampiros. “Vamos discutir com calma o que faremos. Tudo sairá bem!”

“Como você sabe, Jasper? Você não sabe o futuro! Ninguém sabe!” Lucy disse ainda irritada. Certo, não irei além do que já estou indo com ela.

“Ok, Lucy. Não sei, mas o futuro quem faz somos nós. As nossas escolhas fazem nosso futuro. E o que escolho, e o que todos devem escolher, é parar de agir desvairadamente e agir com a razão. Se os atacarmos com a estratégia correta, iremos ganhar!”

“E como saber se a estratégia usada é a mais correta?”

“Usaremos a melhor, a que sempre deu certo. Primeiro nos apresentaremos e veremos o que eles querem!” respondi.

“Ah, eu não sei, não! Eu acho que todo mundo aqui já sabe que eles querem é acabar conosco!” Carl respondeu – aquele que tinha a pele rígida mais que qualquer vampiro.

“Mas e se não der certo, mesmo assim? Quantos dos nossos vamos perder?”

“Não sei, já lhe disse que não sei o futuro! Mas temos de arriscar!”

“Ou então fugir!”

“Prefere ser uma covarde, então, Lucy?” Maria veio em meu socorro.

“Não sou uma covarde!”

“Então nos ajude, Lucy. Temos de enfrentar pelo nosso próprio bem” lhe respondi – ela bufou de raiva.

E quando ela ia responder... CABUUM!!! Outro estrondo e um leve tremor no chão.

“Temos de ir rápido ver quem é!” disse a todos.

“Não se preocupe, Jasper. Eu irei!” Lloyd disse.

“Ok, mas tome cuidado. Mantenha distância o suficiente!” lhe respondi.

Ele saiu correndo e então, os que permaneceram na casa, ficaram olhando uns aos outros espantados.

Pouco tempo depois, ele retornou.

“São muitos.”

“Quantos, exatamente?” eu quis saber.

“Dezoito!”

“Mas nós somos vinte e três. Com as senhoritas, somos vinte e seis” Gerardo disse despreocupado.

“Mas não podemos deixá-las lá para lutar. Nós é que somos os soldados, Gerardo. Esqueceu disso? Elas não devem entrar na batalha!” lhe cortei o ânimo.

“Mas quanto mais ajuda, melhor!” ele tentou se justificar.

“Elas só irão lá para se apresentar. Assim que a luta começar, as três irão partir para mais longe possível.” Olhei para as três, que me olharam com uma mistura de nervosismo, ódio, amor e tristeza – até Lucy, que estava discutindo comigo há pouco, estava sentindo afeição por mim. “Elas tem de se proteger! Elas começaram tudo juntas, pois agora terão de fazer tudo de novo! Já haviam sobrevivido antes, agora será o mesmo!”

Todos se olharam chateados – ninguém queria se desfazer, se separar do outro. Nós éramos como uma família, e daquelas bem grandes – por sorte não precisávamos preparar nossa comida. Não era preciso lavar ou cozer.

“Ok” Lucy se conformou. “Vamos ver o que diabos está acontecendo na cidade!”

“É assim que se fala, meu amor! Eu estarei contigo, não te preocupe! Eu irei te proteger!” Daniel tentou encorajá-la – o que não deu muito certo, mas como eu já estava acostumado com o caráter de Daniel, resolvi dar-lhe uma forcinha.

Cheguei perto deles e então enviei à ela uma leve onda de ânimo – apenas à ela. Lucy começou a se sentir bem. Melhorou a postura, ajeitou os cabelos para trás e lhe respondeu com um sorriso. “Está vendo? É só eu ficar perto de você que você já fica melhor!”

Lucy riu.

Não aguentei. Eu também – mas, por sorte, nenhum dos dois percebeu isso.

Fui para o lado esquerdo de Maria – Nettie estava no direito. Maria, sempre à frente do grupo, saiu e pausou. “Marcos, onde estão agora? Dá para você me dizer?”

“Sim.” Ele parou, fez sinal de silêncio para todos para escutar com mais precisão, e então disse: “Ao Sul da montanha ao centro da cidade!”

Maria não hesitou. Saiu correndo naquela direção. Todos os outros a seu encalço.

Solitário - Capítulo 34: O Procedimento

“Quem são vocês?” Maria perguntou.

O mais velho e baixo resolveu responder, mesmo que confuso com a visita.

“Sou Edmundo, e este é Vincente” ele disse apontando com a mão esquerda para o velho vampiro – que nem era tão velho assim, por volta dos quarenta anos. “E este é o nosso clã. Pequenino, mas pelo menos é nosso!” ele disse rindo – esse cara tem problema... Se soubesse o motivo de nossa visita não ficaria rindo à toa...

“Hmmm...” Maria disse pensativa, “são só vocês dois e estes pirralhos?”

Um dos “pirralhos” se irritou e foi para cima de Maria. Eu não iria aceitar uma ofensa assim, portanto, logicamente que entrei na frente de Maria para que o infeliz não se atrevesse a fazer algo contra ela.

“Olha aqui sua vampira esquisita” ele disse em tom de ofensa fazendo questão de enfiar o dedo na cara de Maria – mas eu estava na frente, então estava com o dedo a poucos milímetros da minha cara –, “não somos pirralhos coisíssima nenhuma. E você não tem direito algum de nos chamar assim! E já vou lhe avisando, se disser mais uma vez eu juro...”

Ah nãao, por que deixá-lo terminar a frase quando eu podia naquele mesmo instante acabar com ele? Ele estava tão exposto ali na minha frente. Aquele pescocinho tão fino gritando: “me torça, me quebre!!!”

Eu não podia deixar que essas coisas passassem em branco assim na minha frente!

Em meio segundo, agarrei-o pelo pescoço e o torci em dois Sem dó, nem piedade. Jasper, o cruel! Mas ele era fraquinho, coitado! Caiu no chão e então apenas “endireitou” seu pescoço com umas leves massagens no local.

Ele se levantou, e percebi que ele estava bravo, realmente bravo. Furioso, eu diria. Mas a sorte ainda estava comigo. Antes que ele pudesse me atacar, manipulei suas emoções o deixando em, digamos, estado crítico.

A mais pura das melancolias internas de uma pessoa amaldiçoada veio-lhe à tona. Ele mal pode dar um passo. Apenas caiu novamente de joelhos no chão e começou a soluçar – já que chorar não tem como mesmo...

Olhei para os demais, e todos me olharam espantados. Ninguém falou ou sequer se mexeu um fio de cabelo. Edmundo não respeitou o minuto de calma e espanto, e retomou a fala.

“Meu caro rapaz, você é magnífico. Gostaria de se juntar a nós?” – havia luxúria em sua voz. E quanto mais eu me misturava com essas pessoas em batalhas, eu percebia que este era um sentimento extremamente presente. Quase que obrigatório.

Não gostei da proposta. Apenas balancei negativamente a cabeça.

“Jasper é meu transformado! Não venham pôr essas suas sujas mãos em cima dele!” Maria me protegeu como uma leoa protegendo seus filhotes. Saí de sua frente – ninguém gostaria de continuar na frente de alguém, como Maria, prestes a arrancar o olho da face do outro.

Ele se assustou com a força que suas palavras saíram de sua boca.

“Quer dizer então que você tem um clã também?”

“Não, meu querido, estes vampiros atrás de mim só estão aqui por que sou viajante e vim lhes mostrar o turismo da cidade!”

“Ahhh...” – sim, ele era realmente muuuuito burro. Esse deve ser o dom dele...

Olhei para Maria que o olhava com estranha expressão. Seus sentimentos passaram de raiva para confusão em um milésimo de segundo. Ela me olhou boquiaberta com “tamanha inteligência” do homem – ou falta dela, para ficar melhor...

“Alberto, levante-se do chão” Vincente disse para o que havia atacado Maria e a mim, “não se intrometa em assuntos que não são seus!”

Ele bem que tentou levantar, mas não conseguiu. Vincente se irritou. “Mas que diabos! Eu já disse para você se levan...”

“Sim, disse, mas eu não quero ele de pé!” lhe respondi antes que pudesse terminar.

“Ah, então você manipula o cérebro das pessoas?” Edmundo disse.

“Não, mas ele pode se quiser, não é Jasper?” Maria disse, primeiro ao Edmundo e, ao fim, para mim com um rápido piscar de olhos. Compreendi o que ela queria.

“Sim, posso!” conclui.

Todos se espantaram, e então, para terminar o primeiro bloco do show, deixei que Alberto se levantasse. Ele pestanejou no chão e então me olhou confuso. Pouco tempo depois foi se levantando lentamente, como se estivesse incerto se deveria fazer aquilo ou não.

Em pé, correu para trás de Vicente – novato! Ri com essa ideia.

“Não ria de meu Alberto!” Vincente o protegeu.

“Por que não?! Algum motivo em especial?” o provoquei.

“Ele é meu filho caçula... e não se intrometa mais em meus assuntos!”

“Filho caçula? Ah que ridículo...” Nettie disse. Carlos Antônio, que estava a seu lado, tentou abafar uma risadinha – não conseguiu, é claro...

“Qual o problema disso?” Vincente disse, se irritando cada vez mais.

“O problema é que você é tão inseguro ao ponto de transformar seu próprio filho. Você é ridículo, sim!” Lucy, a destemida, disse.

De prontidão, Vincente já estava face a face com Lucy – talvez fosse desigual o enfrentar. Ele era pouco mais alto que ela...

“Não... repita... nunca... mais... isso... sua... vagabundinha...” ele disse pausadamente, como se ela estivesse com problemas de audição.

Daniel não gostou nada daquilo – nem todo o resto dos vampiros – e então atacou de frente Vincente.

Todos se afastaram para admirar aquele combate. Um tentava arrancar a cabeça do outro, talvez os membros. Cada estrondo que se ouvia, era um ataque desferido no outro.

Mas, com o maravilhoso ensino de combate que tivemos, Daniel não tinha como perder. Vincente era velho e não tinha treinamento algum. Ao fim de um minuto e treze segundos – sim, deu tempo de contar –, Vincente estava em pedaços no chão.

Daniel não pensou duas vezes, pegou um caixote de madeira em um canto da calçada e ateu fogo. De parte em parte, ele jogou Vincente inteiro naquele fogaréu.

Achei graça daquilo. Ele havia terminado tão rápido e sequer tinha se cansado.

Alberto não gostou do que viu, e creio que até chegou a pensar em ir vingar a morte de seu pai lutando contra Daniel, mas então olhou para mim e recuou. Edmundo, que apenas havia ficado mudo em sua posição de antes, olhou para Maria e então quis conversa séria.

“O que vocês querem?”

“Vocês mandam nesta cidade?” Maria o questionou.

“Sim, por quê?”

“Agora não mandam mais...” ela o respondeu olhando em seus olhos, mas então os desviou e foi em direção aos vampiros atrás de nós.

Todos saíram de direção aos cinco ali presentes. Isso não demoraria nada. Menos de meio segundo, talvez. Uns tentaram ganhar tempo fugindo, o que nem é preciso dizer que não deu certo. Éramos quase vinte contra cinco. Uma vantagem de quatro vezes maior para ter a cidade.

Nem me dei ao trabalho de capturá-los – o combinado no caminho tinha sido que, todos capturariam e então Maria mesmo iria os decepar.

Fiquei junto de Maria, Nettie e Lucy. Maria estava apreensiva, não queria que tudo demorasse muito ou causasse muito estrago à cidade, que em breve seria dela. Nettie e Lucy estavam se divertindo com aquela visão de caça, vendo os “pirralhos” correndo sem saber aonde ir.

Como disse, em pouquíssimo tempo estavam todos segurando os cinco vampiros com os braços presos nas costas. Maria se levantou – eu, Maria, Nettie e Lucy estávamos sentados na guia – e foi em direção a eles.

O primeiro, Alberto, a olhava com raiva e tristeza. Estava chateado porque não tinha mais o pai por perto – ow tadinhoo... (isso foi puro sarcasmo, ok?!) Ela parou e o encarou profundamente em seus olhos. Resolveu acariciar sua face, o que lhe deu nojo, apesar de, nela, dar o gostinho de vitória. Sua presa estava em suas mãos, por que não estaria feliz com a sua luxúria?

Passou-lhe a mão pelos negros e grossos cabelos. Ele estava assustado, ela estava feliz e o mundo continua agindo com os opostos no cotidiano – maravilha! (sarcasmo número dois). A sua mão que estava no cabelo escorregou e pousou em suas bochechas. A outra se levantou e foi em direção a bochecha.

Ele continuava assustado, apesar de tentar demonstrar coragem e orgulho. Boboca! Ele sabia que não conseguia mentir para mim – ou pelo menos sabia metade disso...

Suas mãos deslizaram levemente pelas bochechas e repousaram sob o maxilar. Ela tinha os movimentos tão leves que, se eu fosse qualquer um, diria que ela estava sendo realmente amigável e sensível com ele. Se eu fosse qualquer um...

Então, antes mesmo que fosse possível dizer “cucaracha”, ouve um forte estalado e um som abafado de um objeto pesado caindo no chão. A cabeça. Foi-se uma.

Ela caminhou em direção ao próximo.

“Qual seu nome?” ela disse carinhosamente. Ele balançou a cabeça negativamente, não diria uma palavra. Ok, isso parecia um trabalho para mim.

Fui até ele e pousei minha mão sobre seu ombro.

“Bernardo, senhora. Meu nome é Bernardo.” Sim, eu sou demais!!!

“Ótimo” Maria disse completamente feliz. Percebi que minha parte já tinha acabado, então voltei à guia com Nettie e Lucy.

Novamente, o mesmo processo. Cabelos – desta vez loiros –, bochechas e maxilar. Crack! Pouff... Mais uma cabeça.

Ela caminhou até o próximo. Oops... próxima!

“Qual seu nome querida?” Maria a perguntou.

Ela tremia de medo, e visivelmente vi que ela também não iria falar o nome de bom grado. Testei seu reflexo e fiz movimentos como se fosse levantar até ela. Ela congelou de medo de vez, e então resolveu abrir a boca.

“Estela, senhora. Estela Fuerza, senhora.”

“Hmm... poderoso nome, não?!” ela disse, ainda sem chegar no “cabelo, bochecha e maxilar”. Estela não respondeu. “Você é companheira de alguém daqui?”

“Não, senhora.”

“Está aqui por qual motivo então?”

“Porque Vincente me ensinou tudo o que sei e então fiquei com ele.” – Bem disso eu entendia...

“Mas você teve chances de sair daqui, não?!”

“Sim.”

“E não fez?”

“Não.”

“Por que?...”

“Porque ele me ensinou e quis ficar aqui. Não vi nenhum problema nisso naquele tempo e ainda não vejo agora!”

“Mesmo que Vincente tenha ido embora?”

“Sim.”

Maria suspirou – esta era mais teimosa que ela, e ela sabia disso. Não ia continuar a ir contra ela. Agora sim, o procedimento. Passou os dedos pelas mechas douradas e encaracoladas de seu cabelo – de longe pude sentir o cheiro agradável de camomila que seus cabelos tinham (e isso não é sarcasmo!)

E bochechas rosadas, e maxilar. Crack! Pouff... Próximo! (sempre quis dizer isso, mesmo que mentalmente...)

“Seu nome?”

“Esteban.” Este era rude – até demais.

“Hmm...”

Percebendo isso, Maria não se demorou muito nele. Cabelo, bochecha, maxilar, crack! E pouff... Rápido!

Por fim, ficou Edmundo, o que tem o dom de burrice – que, para mim, não é nenhum dom...

“Olha só quem sobrou...” Maria disse indo em sua direção. “Edmundo, não é?” – ele apenas assentiu com a cabeça. “Sabe que eu poderia te deixar livre? Você me parece tão inocente...”

Com aquilo, todos – realmente todos – olharam espantados para Maria. Era um verdadeiro milagre se ela livrasse algum da morte... E não estávamos acostumados com isso.

“Seria ótimo se me fizesse isso. Eu poderia ficar com vocês, e respeitaria tudo o que você me dissesse” ele disse, uma pontinha de esperança surgindo.

“Nãaaao... não quero você comigo, e se... pensando bem, se deixasse você vivo, você poderia começar tudo de novo! Nãaao...” Maria disse brincando – e acabando com toda a esperança do pobre ali em pé.

O mesmo procedimento – precisava repetir? Cabelo, bochecha, maxilar, crack! E pouff...

“Joguem todos no fogo! Esta cidade agora é minha... e suas também” ela acrescentou ao perceber o começo de um rosnado brotando na garganta de Nettie.

* * *

Passamos o fim da noite em Apodaca mesmo à luz da fogueira acendida.

Maria, de repente, veio se juntar a mim em um caixote. Ela sentou – no pouco pedaço que restava do caixote – e então percebi que ela estava realmente confiante com as vitórias dos últimos dias.

“Você está gostando de viajar?”

“Sim, pena que ficamos pouco tempo em cada lugar. E quando ficamos bastante tempo, é nesses lugares como esse: sem nada pra olhar...” – eu estava mesmo cansado dessa cidade, e olha que havíamos chegado há pouquíssimo tempo, no entardecer.

“Mais para frente conseguiremos um descanso, confie em mim!”

“Eu confio, mas queria que você não fosse tão maliciosa e tivesse tanta ganância. Eu sequer posso manipular você nessas horas que você ficar tão irritada!”

“Eu sei, esses dias estão sendo estressantes mesmo. Mas fique calmo, haverá uma hora que eu vou parar!”

“Eu só queria saber quando, ao certo. Você tem previsão?”

“Bem, só depois de um bom local do México, quem sabe do Texas...” ela disse pensativa. Felicidade crescendo nela novamente – a felicidade nela, e o cansaço em mim. “Olhe, realmente não sei... Desculpe-me!”

“Tudo bem... se um dia você parar mesmo e os Volturi não vier de novo, por mim tudo bem!”

“Um dia eu paro, mas por enquanto, só depois de Saltillo e Monclova.”

“Quem?”

“As duas próximas cidades que iremos fazer visitinhas aos nossos amigos de espécie...”

Para Vivielen ;D

Vivielen Vendramini disse...

Então.. era quando eu estudava no Coc.. mas foi sofrido aquilo, cara.. antes eram uma por dia... era horrivel.. daí no 3o ano conseguimos deixar assim, pq a maioria trabalhava sabe..

Enfim.. agora na facul é uma por dia tbm... e tudo dissertativa.. as vezes, quando oprofe tá de bom humor, ele põem uma ou outra alternativa...É que faço Comunicação Social com enfase em Jornalismo, né... não pode ser vagal pra escrever.. (dá pra perceber isso né?, pela quantia que eu escrevo!)

Enfim, vê sim
é desestressante!!

Bjsss

Vivielen Vendramini disse...

Então.. do caso de todas as matérias, era o simuladão... me lembrei do nome.. eu odiava.. dependendo da nota que tirávamos lá, com a soma das notas e talz, as vezes a media do bim. podia cair, sabe.. eu odiava quando isso acontecia.. podia aumentar a nota, mas tbm podia diminuir...

¬¬

nem sempre era bom...

Bjsss

Noossa, então já perdi as esperanças de menos prova na faculdade... Tiipo, acho que vou fazeer Jornalismo também! ;D

Aah, então esse simuladão não devia ser tão legal assiim... Tiipo, se você fosse bem nos testes e mal no simuladão, podiia até fiicar de recuperação... :( :( :(

Valeuu de novo por comentaar, Vivi! (posso te chamaar assiim ?)

Bjoooos'

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Vampire Diaries - Episódio 20 :]

Genteees, faltaam só três episódios pra terminar essa temporada de Vampire Diaries!!! Hoje será exibido o episódio 20, intitulado 'Blood Brothers' (algo como Irmãos de Sangue, em português). Vejaam só:

Sinopse:
ELENA APRENDE O QUE REALMENTE ACONTECEU QUANDO DAMON E STEFAN FORAM TRANSFORMADOS
Enquanto Stefan (Paul Wesley) se esforça para chegar a um acordo com seu passado, ele e Damon revelarão partes de sua história a Elena, até que ela finalmente descobre a verdade sobre como eles se tornaram vampiros. Pearl tem um feio confronto com Jonathan Gilbert. Damon e Alaric tentam encontrar uma invenção misteriosa antes que Jonathan faça. A amizade e a paquera entre Jeremy e Anna continua a crescer.
Promo:


Fotos:






fonte: www.vampirediariesbrasil.com

Solitário - Capítulo 33: Apodaca

Algum tempo depois – ainda em 1862

“Um deles era Elliot!”

Esta maldita frase ficou ecoando por minha mente por dias, talvez semanas. Já perdi a noção do tempo. Não me ocupo mais por segui-lo. Cada um segue seu rumo. Eu sigo o meu enquanto o tempo segue o dele.

Cada um deixou uma marca no outro. Uma cicatriz que, apesar de não ser pálida, doía tanto quanto fosse.

Se eu não tivesse ficado tanto com Maria, Nettie e Lucy planejando o ataque, eu poderia ter conversado com Elliot sobre o meu passado. Ele era quem eu tinha mais próximo da minha vida anterior. Era ele quem sabia de fatos que eu tinha feito, e fatos que eu nem imaginava ter feito.

O tempo me marcou como uma adaga corta algo. Foi profundo o suficiente para fazer com que um vampiro caia de joelhos com dores insuportáveis.

Mas se me lembro bem, eu também havia marcado o tempo. Eu tinha sido o mais jovem Major da Confederação. Quem sabe, até de toda a guerra que ainda estava em andamento.

Aliás, a situação para o lado deles, dos humanos, estava ficando cada vez mais complicada. Os produtos que eles usam como costume estava ficando cada vez mais longe do alcance deles. Mas eu não me importava com isso, desde que houvesse soldados da União para que eu pudesse me alimentar por perto...

E nisso eu quero dizer, soldados da União bem alimentados, pois estou cansado de soldados fracos. Alguns estão até ficando doentes... o que não me agrada nem um pouco – não porque eu sou um homem bondoso e me preocupo com eles, mas é que o sangue fica com um gosto horrível.

E Maria também não está mais permitindo que a gente pegue muitas pessoas daqui de Monterrey. Ela está desconfiada ainda. Tem medo que nós acabemos com a raça daqui e os Volturi voltem!

Enfim, fato é que eu precisava de Elliot para saber mais de meu passado. Infelizmente, minha única salvação se foi. Aliás, eu o mandei ir. Mandei correr contra a sua vontade para um lugar que ele queria ir... Ok, ele estava querendo pegar o que eu matei, mas... mesmo assim... Se ele não tivesse ido lutar, então ele estaria vivo ainda!

Eu poderia ter agido de outra forma, mas não o fiz... Agora não posso ficar aqui chorando lágrimas que nem ao menos brotam de meus olhos. Nem sempre ser vampiro é fator de uma vantagem.

Há coisas que precisamos sentir e, mesmo estando perto dos humanos ou agindo como um, nunca mais será assim. Esta é a verdade. É ela nua e crua!

Enfim, o que já passou... passou!

Maria agora estava querendo as cidades próximas a Monterrey. Levará um tempo para que um novo plano seja elaborado e seja posto em ação, mas mesmo assim, ela quer! Não seria uma boa estratégia usar o mesmo plano, mas... Maria está difícil de manipular ultimamente.

Ela está se tornando cada vez mais gananciosa. As únicas coisas que ela anda pensando são: as próximas cidades e o poder local.

Poder. É tudo o que ela quer. Uma palavra tão pequena com um significado tão grande, tão avassalador.

O decidido será que teremos como base o mesmo plano de ataque que Monterrey – mesmo que eu não goste. Agora, o alvo da região é Apodaca.

Estamos nos preparando para o ataque. Alguns soldados da União foram emboscados por dois de nós para jantar. Um perfeito trabalho, eu diria – isso se eu não fosse um dos dois, e falando assim pareceria que eu estou muito contente e orgulhoso com o meu próprio feito. E isso não é de minha personalidade.

Quem me conhece sabe!

Iremos então todos, os dezenove vampiros – não há a necessidade de transformar mais vampiros por enquanto – mais Maria, Nettie e Lucy.

Se bem que... hmm... ok, são vinte vampiros. O Daniel de Lucy está conosco, sempre esteve... mas agora temos um “novo viajante” conosco...

O tal do Carlos Antônio, o que sem vergonha que ficava arrastando o dentinho para cima de Nettie, resolveu se juntar a nós. Nettie, quando estava fugindo, o viu e o puxou pelo punho. Desde então, eles são como pé e sapato – o mais fedido é o Carlos.

Ele até que é um cara legal, mas não muito. É bem... digamos... tímido. Creio eu!

Não sei...

Tanto faz. Fato é que estamos partindo em breve!

“Jasper, você está pronto?” Nettie me encontrou em um alto galho de árvore.

“Nettie? O que você faz aqui? Por que... o que é? Vamos partir?” lhe perguntei assustado.

“Nossa, Jasper, meus Deus!” ela exclamou – ela estava surpresa, sabe-se lá com o quê.

“Que foi? Qual o problema?” eu quis saber – a curiosidade me matava cada vez mais.

“Bem, você se assustou!” ela disse com inocência. Franzi o cenho com o que ela disse, mas resolvi ser brincalhão.

“Ah sim... meus parabéns Nettie, você conseguiu assustar um vampiro soldado!”

Ambos rimos. “E então, vai ficar aí embaixo só me olhando? Olha que o tal do ‘cucaracha’ não vai gostar, heim...” brinquei novamente. Estendi a minha mão e então ela subiu pelo tronco da árvore até se aconchegar ao meu lado no galho mais alto.

Ela me encarou. Estava tensa. “Você sabe que eu não gosto de quando chama meu Carlinho de ‘cucaracha’, não!?”

“Você está ficando boa em esconder seus sentimentos...” tentei começar me esquivando de sua afirmação – sim, aquilo me soava mais como afirmação em vez de pergunta.

“Não venha com isso, Jasper. Você é muito mal, sabia?!” ela me disse olhando em meus olhos.

“Posso ser sincero?”

“Uh uh...” ela concordou com a cabeça.

“Sim, eu sei que sou mau. Sou muuuito mau. Muitíssimo mesmo!”

Ela simplesmente gargalhou o suficiente para quase se desequilibrar – quase!

“Sim, eu sei...”

“E mesmo assim não tem medo de ficar aqui perto de mim?”

“Hmmm... eu deveria sair correndo e gritando por socorro agora?”

“Gosta de sair correndo e gritando por socorro? É um tipo de atividade física nova?”

“Pode ser... quem sabe...”

Deixamos que o tempo passasse sem nos incomodar. Nós dois continuamos como bons amigos apenas olhando para o horizonte. Mesmo com a noite chegando rapidamente, ainda podia-se ver um leve resquício dos raios solares lá entre as altas montanhas.

Com a escuridão, muitas outras “vidas” começaram a aparecer. Uns lagartos, coiotes, corujas... Eles apenas estavam em busca de alimentos, mas eram espertos para manter distância o suficiente de nós.

“Eu queria que, por mais uma pequenininha vez, eu pudesse tocar um animalzinho” Nettie disse. O leve som de sua voz dançou pelo ar naquela escuridão.

“Mas você pode!” afirmei a encarando.

“Eu quero dizer, enquanto eles estiverem vivos e calmos. Comigo ‘assim’ eles só pensam em fugir.”

“Com você ‘assim’? Como assim?” insisti.

“Assim, como vampira. Eu sinto tanta falta dos meus amigos.”

Opa, assuntos delicados... Mandei-lhe uma onda de calma juntamente com uma pitada de felicidade – falando assim até parece aula de culinária... Mas não é.

“Não me manipule, por favor...” E então retirei meu poder sob seu alcance. Instantaneamente ela retornou ao seu estado melancólico de antes. Olhei para frente e então lhe respondi.

“Pelo menos você se lembra da sua outra vida!”

“Não fique chateado, Jasper. Sua vida é mais recente e você até que é famoso. Você não ouviu o que aquele soldado que você trouxe para nós disse quando te viu?!” – ela estava começando a se animar.

“Sim. Mas... como você soube?”

“Lloyd me disse!”

“Hmm... fofoqueiro” lhe disse baixinho, um mero suspiro.

Ela riu uma risada tão cintilante que me fez esquecer meus problemas. Assim que parou, tudo voltou!

“Não se preocupe” ela disse pondo suas mãos em meus ombros, “um dia você ficará sabendo de tudo. Não se arrependa de fazer o que quer agora.” Ela parou, olhou para a escuridão – na verdade, procurando o dono do pio esguichado de uma coruja – e retornou a me encontrar com seus olhos vermelhos sangue. “O que você quer fazer agora?”

Pensei profundamente no que eu queria fazer agora. Havia tantas coisas que eu queria saber. Coisas de meu passado. Se eu tinha família e se eles sentiam saudade de mim.

“O que quero realmente fazer agora é ouvir uma explicação do ‘você está pronto?’ Por acaso, e só por um acaso, uma força máxima da natureza, você poderia me ajudar?” lhe propus.

“Claro, eu já estava me esquecendo. Maria acha melhor que partamos agora de noite para Apodaca. Quanto antes, melhor.”

Concordei fisicamente, por que mentalmente eu discordava dessa decisão por completo.

“Algum problema? Você está bem?” – ela estava preocupada.

“Hey, quem vê os sentimentos dos outros aqui sou eu!”

“Mas isso não quer dizer que eu não possa me preocupar com você!”

“Por que isso?”

“Porque você faz parte da minha família, da nossa família. Todos nós vampiros, o nosso clã, é uma família só!”

“Hmm...” – isso não a convenceu de que eu estava bem...

“Eu sei que não temos nem sobrenome, mas pelo menos temos um ao outro. Sempre teremos quando precisarmos de ajuda.”

Ok, ela estava se esforçando para que eu ficasse bem logo. Eu era um péssimo ator, mas era eu quem manipulava os outros aqui. Ninguém conseguia me enganar. Espero!

“Sim, teremos” respondi alegre – a parte em que eu enviei uma leve onda de tranquilidade para ela não conta. “E estou bem, acredite em mim!”

“Sim, eu acredito!” ela respondeu feliz e muito mais calma.

“Que bom!” retruquei mais feliz ainda – como se estivesse em paz comigo mesmo.

Ela parou e me olhou espantada. “Eu concordei fácil demais. Você está me manipulando?”

Oops...

“Eu também ando trabalhando bastante minhas habilidades de manipulação. Você sequer sentiu essa!”

Ela amarrou a cara. Raiva tomando conta dela. Parte por parte – e eu não sou o homem que deveria estar com ela nessas horas... não é justo! Mandei-lhe outra onda leve de tranquilidade sob ela – mais uma vez ela nem sentiu.

“Aff... que posso fazer?”

“Ah, pode me acompanhar de volta à nossa casa?” propus ainda brincalhão – e vitorioso.

“Quer dizer, a casa que está caindo aos pedaços e ainda fede mesmo depois de uma limpeza?” ela disse com desgosto – eu não era o único que não estava gostando de ficar na cidade. Era o fedor da região da casa com o maravilhoso cheiro de sangue fresco. Não combinava sabe?! – não que eu entenda muito de combinações...

“Se prefere chamar ela assim?”

“Não me vá dizer que gosta daquilo?” – ela estava começando a se irritar.

“Não gosto. Odeio. Infecta o cheiro de sangue, que é bem melhor. Mas, afinal de contas, que disfarce melhor tem para nos proteger? Para não chamar a atenção?” – era verdade, eu realmente não gostava daquilo, mas estava sendo útil por enquanto.

“Ok, mas avise a todos que se eles quiserem falar comigo, terão que me encontrar deste lado da cidade. Aqui perto do campo, ok?!”

“Sim, ok...”

Precisávamos voltar e então partir.

Chegando de volta a casa, todos estavam na frente esperando pacientemente. Se não soubesse que eram vampiros, poderia afirmar com a maior certeza que são estátuas de mármore. O mármore mais branco e brilhante a luz do luar que já havia visto em todo o mundo.

Na ponta mais extrema do conjunto, lá estava ela. A morena mais cativante que já tinha visto em minha vida. Maria.

Ela estava discursando para os outros – repassando as informações do ataque.

Ao chegar, fui para seu lado. Ela me olhou e então fiquei bobo com a quantidade de emoções que aquela mulher estava sentindo. Nunca havia visto tanto assim de uma só vez. Havia ganância, luxúria, poder, coragem, orgulho, medo, tristeza, felicidade... tantos sentimentos perigosos e opostos que me fez pensar ‘você não viu nada ainda, Jasper!’

Ela queria muito mais!

“Então que assim seja!” eu disse por fim após Maria ter me cutucado para dizer algo – ela estava brava para dizer a verdade. Não sei se estava por ter ficado pensando ou então por analisar suas emoções.

Ao fim disso, um coro de vozes em torno de três ‘hurras’ levantou e então fomos correndo em nossa velocidade vampiresca em direção ao Nordeste.

Não havia quem pudesse nos deter! Não havia quem pudesse deter Maria!

* * *

Em pouco tempo chegamos lá. Apodaca era uma cidade pequena tanto quanto Monterrey. Ela era visivelmente mais sem vida que Monterrey...

Sei que estávamos errados entrando assim sem mais nem menos, invadindo o território de outros, mas... fazer o quê? Esta cidade me fazia sentir bem, talvez lembrar alguma coisa de meu passado. Só não sei o quê, especificamente.

Apenas entramos na cidade procurando por algum de nossa espécie.

Vasculhamos cada beco e subúrbio. Não havíamos encontrado nada, e confesso que até cheguei a acreditar que a cidade estava livre. Até darmos de cara com quatro adolescentes vampiros e dois mais idosos.

Solitário - Capítulo 32: Monterrey

Uma pequena fração de tempo nos foi necessário apenas para descer até o Norte do México. Do alto de uma montanha pudemos ver Monterrey com perfeição – Lloyd a viu bem antes de todos nós, e nem era preciso que eu dissesse isso!

Monterrey até que é uma cidade muito bonita. Uma montanha muito, muito grande se encontra quase que ao centro da própria cidade, o que me deixou intrigado.

Como é que alguém consegue morar com uma montanha sendo sua vizinha? Tudo bem, eu sei que há pessoas que MORAM em montanhas, mas cá entre nós, olhar pela janela e ver só um monte de terra não deve ser a melhor das sensações!

Ok, o problema é deles se eles moram do lado, em cima ou até embaixo da montanha, fato é que eu gostei do ar dessa cidade. Ela é... hmmm, aconchegante!

Por via das dúvidas, nós todos, os vinte e três vampiros, corremos o máximo que pudemos. Logicamente que mantive a dianteira logo atrás de Maria, Nettie e Lucy. Elas comandavam o rebanho por geral, mas era eu quem tinha sido o responsável por eles.

Fiz questão de manter todos próximos a mim. Ver vampiros correndo pode não ser algo fácil de conseguir, mas vinte e três em apenas uma vez... Bom, aí a possibilidade de alguém achar que zumbis, fantasmas e lobisomens com certeza aumentará em 100%.

E ter essa notícia, mesmo que estranha e surreal, de que zumbis, fantasmas e lobisomens estão soltos correndo por aí não agrada a ninguém. A mim não agrada!

Todo caso, tentamos fazer jus aos nossos treinamentos mantendo nossa identidade invisível a seja lá quem quer que fosse que aparecesse do nada. E se alguém aparecesse... Janta!

Mal decidimos descer a encosta e já recebemos boas-vindas de um vampiro – creio que entendam que essas “boas-vindas” foram irônicas... O rapaz, que não aparentava passar dos 15 anos, apenas ficou parado à nossa frente. Legal! O babaca vem e nada de falar? Timidez? Nem um pouco!

Olhei de canto para Maria e rapidamente percebi o que ela estava querendo me perguntar: se ele estava blefando ou não. Acenei afirmativamente com a cabeça, e então ela não esperou a boa vontade dele.

“Você!” ela chamou por que ele estava olhando para os lados, “quem é você e qual seu nome?”

Ele olhou desafiadoramente para ela. Não estava com a mínima vontade de responder. Rosnei em resposta, o que o fez perceber que, se ela queria a resposta, ela teria a maldita da resposta. Ele não gostou muito, mas respondeu – de mau gosto, devo acrescentar...

“Meu nome é Carlos Antônio, e quem são vocês?” Rude, idiota! Sua mãe não te ensinou bons modos? Aparentemente não!

“Meu nome é Maria, e essas são Nettie e Lucy” ela disse apontando para as duas em cada lado de seu corpo. Ele demorou um pouco com a Nettie, sabe-se lá o motivo... só sei que seus sentimentos de selvageria se transformaram em uma quase tranquilidade – e olha que nem foi preciso que manipulasse.

“Muito prazer senhoritas” ele disse a todas, mas percebi que a intenção na verdade foi só de falar para Nettie, que por acaso, mal notou que ele estava sentindo ‘algo’ por ela... Acho que quanto mais velha se fica, mais lerda se fica também... Nettie é uma prova disso!

“Então” Maria começou quebrando o silêncio, “você está com quantos aqui? Você é sozinho?”

“Ah, não” ele respondeu como se tivesse sido pego de surpresa – nunca vi um vampiro ser pego de surpresa, mas este! Ah este era muuuito estranho. “Estou com mais alguns por aqui. Moramos aqui já faz um bom tempo. Andrés e Pedro estão aqui há muito mais tempo que qualquer outro, mas os outros são um pouco mais recente. Estamos há menos tempo que eles, pelo menos.”

Maria me olhou de um jeito que, mesmo sem saber ler mentes, eu saberia que ela estaria dizendo: ‘Esse cara tem problemas!’ E eu responderia que ‘com certeza tem!’

O tal do Carlos chegou bravinho e depois foi amansando... Sim, ele tem problemas – apesar de eu não chamar isso de problema por enquanto. Só de amor!

“Andrés e Pedro? Vocês estão em quantos aqui ao todo?” Nettie lhe perguntou.

Pausa. Mas do que uma pausa. Uma pausa muito longa.

Para humano não teria passado mais que meros dois minutos. Para vampiros, uma pausa muito, muuito longa!

Ele finalmente pigarreou e tentou – sim, tentou – continuar. “A gente... quer dizer... nós, err... então...”

“Os Volturi arrancaram sua língua moleque?” Lucy se irritou com a falta momentânea de palavras de Carlos.

“Não, não arrancaram” disse ele em resposta, mais uma vez com a fúria voltando à tona – sem problema, é só mandar a Nettie falar de novo! O problema seria esse e só... “Somos no total onze. Andrés e Pedro são nossos... humm... mestres... comandam o nosso grupo. Mas, me desculpe a curiosidade, por que perguntam?”

“Você tem como nos levar até eles?” lhe questionei.

“Olha... até dá pra mim levar, mas vocês são muitos. Isso meio que vai contra tudo o que aprendemos por aqui. Vocês são muito fáceis de encontrar nesse bando assim...” – na verdade, ele não queria nos levar até os malditos, mas não há nada que eu não possa dar um jeitinho...

“Por favor, nos leve até eles. Precisamos conversar com eles!”

Ele, instantaneamente, sentiu algo por seu corpo. Não sei se chegou a reparar que eu estava o manipulando, mas fato é que ele simplesmente respondeu animado. “Sim, vamos!”

Maria teve de conter uma risada, mas Nettie me olhou como se me repreendesse. Deus, mulheres... O que é que eu faço com esses bichos estranhos? Segundo atrás nem ligava se o moleque existia ou não, e agora me vem fazer dessas?

Tsc tsc tsc... mulheres...

Mesmo assim, fomos todos juntos pelos subúrbios da cidade, andando com a máxima cautela que um vampiro já poderia ter. Não havia barulho de vampiro algum – só ocasionalmente eu podia ouvir algum objeto se mexer dentro das casas. Curioso, resolvi perguntar o motivo daquilo tudo.

“Hey, por que está tudo tão silencioso?”

“Sim, eu também iria perguntar isso!” Nettie me disse. “Estou curiosa, sabe” – sim, seus sentimentos não mentem para mim, baby!

“Ah sim, é que hoje é dia de uma festa popular no lado Leste da cidade. Todos vão para lá neste dia. Eles comem, dançam e se divertem” Carlos respondeu alegre.

“E vocês? Não se divertem também?” Nettie perguntou.

“Sim. Nos divertimos quando eles voltam!” ele respondeu, e então percebi que mesmo se Nettie lhe xingasse, ele ainda estaria sorrindo com essa cara de peixe morto para ela.

Nettie deu uma risadinha, e Maria me olhou como se me pedisse para dar um jeito nos dois. Mas eu não podia fazer nada por agora. Não era necessário. E Lucy... bem, Lucy estava com Daniel de mãos dadas tão felizes que, em outra ocasião, facilmente eu afirmaria que eles estão correndo para um maravilhoso e ensolarado dia de praia.

Fora isso, tudo estava bem. Por enquanto.

Ninguém podia nos ver agora ou notar a nossa presença, pois estávamos correndo numa velocidade além da capacidade humana de nos enxergar. Talvez apenas vissem borrões, ou sei lá o quê que pode ser extremamente rápido ao ponto de nem se enxergar.

E se caso nos enxergar, eu os aconselharia a sair correndo o quanto antes – não que conseguiriam fugir, não é... Mas a situação vai ficar feia logo, logo!

Entramos finalmente em um ponto escuro, sombrio e fedido da cidade. Deus sabe da onde vinha aquele cheiro, mas pode-se ter certeza que ninguém ficaria ali por muito tempo com aquilo. Devia ser por isso que eles se mantiam lá: escudo fedido contra outros vampiros.

Eu só queria saber como é que eles aguentavam aquele cheiro horrível! Nettie foi mais veloz e perguntou primeiro – o tal do menino derretido de amor por Nettie se derreteu ainda mais com os sinos de sua leve e delicada voz.

“Urgh... isso fede... é aqui que moram?”

“Nós nos acostumamos com o tempo. Você vai ver, daqui a um tempinho você estará completamente acostumada com isso. E nem precisamos do olfato muito por aqui... pelo menos nessa região aqui, não precisamos...”

Continuamos correndo. Para frente e avante! Era o que eu poderia gritar a cada segundo, mas eu saberia que Maria não ficaria feliz com esse meu comportamento.

Em um beco, num subúrbio ao sul da cidade, havia uma porta de antigas madeiras quase verdes. Isso me cheirava a mofo... Isso era mofo! Urgh...

Pelas dobradiças se descobria que era, não só um esconderijo de vampiros, mas um local onde deveria ter uma imagem “humana” repugnante o suficiente para que ninguém entrasse ou desconfiasse de nossa raça.

Carlos parou a nossa frente.

“Fiquem aqui, chamarei os outros” ele disse – mais à Nettie do que aos outros, mas tudo bem...

Esperamos poucos minutos, e então demos de cara com dois homens muito velhos. O mais alto e de barba e cabelos cinza usava roupas longas e escuras. O menor, quase sem cabelo e sem barba alguma, vestia roupas mais curtas. Ambos vestiam calças – lógico – e blusas escuras. Sob a blusa, um casaco também escuro.

Sem saber o que aconteceu ao certo ou como aconteceu, percebi que Maria estava nervosa. Porém, eu não sabia se era por que os dois estavam frente a frente com ela e ela teria que matá-los ou por algum outro motivo. Se eu bem a entendia, havia mais a se preocupar...

“Meu nome é Maria, e venho propor um acordo!”

O mais baixo a encarou, mas não respondeu de prima. O mais alto, com ar de sábio, pôs as mãos nas têmporas e tomou a iniciativa.

“Sim, eu sei que você é a Maria...” ele disse e todos, não só, ficaram boquiabertos. “Sim, querida, eu sei tudo sobre você. Sei tudo sobre seu passado. E também sei quais as suas intenções sobre esse acordo. E já respondo: não!”

Olhei para Maria que o encarava corajosamente. Admito, eu admirava isso nela!

“Pois então vocês sofrerão com as consequências!”

Assim que ela disse, todos os vampirinhos do outro lado rosnaram em desagrado com a reação. Eles não queriam brigar, mas se fosse preciso, eles fariam...

Sem entender, o mais baixo entrou na frente e fez sinal para que todos sossegassem. Veio até próximo a Maria, ficou andando ao seu redor olhando de baixo para cima, analisando cada parte de seu corpo, cada fio de seu cabelo, cada poro de sua clara pele.

Ela não estava com medo. Ele não estava com medo. Eu estava com medo. Se ele fizer algo a ela, juro que não sobrará um fio de cabelo para contar histórias.

Ela continuou parada como se fosse uma estátua. Mal respirava, coitada!

Ao mínimo espaço de um segundo, ele a golpeou na panturrilha. Desequilibrada, ela caiu de joelhos no chão. Instintivamente, fui para cima do velhote careca. Nem soube direito o que aconteceu, só sei que quando terminei com o velho, havia pedaços de corpos para tudo quanto era lado – com exceção da cabeça do velho, que jazia em minhas mãos separada de seu corpo morumbento.

Me virei para Maria, que ainda continuava ao chão, e então lhe disse tentando a deixar calma.

“Maria, vá com Nettie e Lucy se proteger da batalha. Nós daremos conta deles. Somos soldados e eles não.”

Sem pestanejar, ela se levantou correndo e puxou pelos pulsos Nettie e Lucy.

Olhei à volta e vi os pequenos borrões brigando pela região daquela rua. Não havia ninguém além de nós. Uma rua deserta para os vampiros brigarem à vontade! Estes humanos estão cada vez mais espertos!

Cada encontro de borrões, um estrondo forte. Talvez como trovões, ou posso dizer como um grande deslizamento de terra ou acidente de trem, principalmente quando ambos se chocam de frente.

Não tenho palavras para descrever... é tudo muito... vampirístico demais! Se você não é um vampiro e nunca entrou numa guerra de vampiros, não entenderá o real significado dessas coisas... nunca saberá... Adjetivos não são suficientes nessas horas...

Mal se passaram dez segundos de quando eu me vi com a cabeça do velho em mãos, eu senti uma bela de uma mordida em meus bíceps. O cheiro de sangue fresco escorrendo me encheu a garganta de veneno. Ah como era delicioso este aroma – só não me atraía saber que este cheiro em particular vinha de mim, não do velho à minha frente.

Rapidamente, senti que os dentes já não estavam mais cravados em meus braços. Olhei para meu braço direito para saber qual era seu estado. O ferimento já estava se fechando, mas ainda havia muito sangue correndo por ali. Quem havia feito aquilo não foi um vampiro expert em mordidas... era um novato. Um novato desgraçado!

Olhei para o infeliz que me havia feito aquilo... ah, ele iria pagar por aquilo. Eu gostava dos meus bíceps... e dessa camiseta também!

O moreno de cabelos enrolados apenas deu um sorriso de canto e correu para longe. Lloyd foi atrás deles, mas eu não podia deixá-lo pegar esse. Havia mais para se pegar, e estávamos em vantagem: éramos vinte e três soldados (logicamente que Maria, Nettie e Lucy não estavam lutando) contra nove recém criados e o outro mais velho.

“Lloyd, vá atrás de outro! Este é meu!” gritei.

“Ok” ele apenas respondeu. Parou em seguida e correu ao oposto de onde estávamos indo.

Continuei perseguindo o infeliz daquele moreno, mas não pude chegar perto o suficiente de primeira. Percebi que ele tinha os olhos de um vermelho muito vívido – provavelmente, MEU sangue. Ele era um recém nascido. Um recém bem recém vampiro nascido. Ele era rápido, sim, verdade, mas não tinha o MEU poder...

Lancei-lhe uma tentadora onda de tranquilidade – e nem eu mesmo sabia que podia tanto. Aos poucos, percebi que ele já não tinha forças contra mim. Ele era forte e veloz, mas eu era esperto e habilidoso. Esta já estava ganha!

Ainda correndo, consegui pôr minhas mãos em seus ombros. Isso foi o bastante para lhe derrubar com minha força.

Ele caiu, mas levantou rapidamente. Veio a minha direção e então recomeçaram os estrondos naquela rua deserta – não a mesma de antes. Esta era outra, mais ao Sul da cidade.

A sequência dos barulhos poderia fazer com que os humanos se assustassem como se assim acontecesse com uma forte tempestade por perto, mas então me ocorreu que, por aquela região, não tinha escutado sequer um barulho além do tique e taque de alguns relógios.

Então seria realmente uma rua deserta... Bem ao estilo daqueles contos antigos que se passavam no Texas, de confrontos marcados no meio da rua cada qual com sua arma.

Ha!... armas... isso nem ao menos me faz cócegas. Que coisa mais sem graça...

Ao final de exatamente um minuto e dezoito segundos – foi tão fácil que deu para contar o tempo – o tal do homem já caía aos pedaços no chão. Como eu disse, foi fácil.

Em suma, assim que nos encontramos de frente tentamos arrancar a cabeça um do outro – e sim, ele era realmente forte... quase pude sentir minha cabeça dançando no ar. Mas então minha habilidade de manipulação era sempre bem vinda em quaisquer que sejam as situações.

Mandei-lhe uma onda de cansaço, que o fez cair de joelhos.

Pulei para cima dele e cravei minha mandíbula em seu pescoço após puxar com força sua cabeça para o lado pelo cabelo. Com a mordida, um urro de dor ecoou pela rua. Olhei para ele e vi que tinha saído de sua boca aberta. Ele tentou lutar contra meu forte corpo de mármore, mas em vão. Sua face pintada em completo horror foi mudando aos poucos.

Ele tentou se levantar, mas eu fui mais eficiente com minha estratégia de última hora. Após me permitir largar de seu pescoço, posicionei-me bem a sua frente com sua cabeça bem presa em minhas mãos.

“Piedade, por favor... tem apenas uma semana que sou assim...” ele implorou. Mas nada nem ninguém me impediriam que assim eu o fizesse. Ele teria de morrer e seria agora.

“Desculpe, mas não estou acostumado a perdoar fracassados...” e então arranquei-lhe a cabeça – já estava quase acostumado com a ideia de ter sempre cabeças em minhas mãos.

Soltei a cabeça com cabelos encaracolados e negros. Ela caiu no chão e rolou até um canto da rua, a guia. Foi nessa hora que me lembrei daquela frase: “cabeças rolarão aqui!” Seja lá for que disse isso, essa frase coube exatamente com a situação aqui. Mas a verdade é que rolaram e ainda rolarão muitas cabeças...

Puxei seu corpo sem muito esforço e o coloquei em meus ombros – sua cabeça segura pelo cabelo que estava em minha mão esquerda. Corri de volta ao meu ponto de partida.

Ao chegar naquela antiga rua, onde tudo começou, depositei o corpo do novato ao chão sem mais nem menos. Ao cair, ele fez um engraçado som abafado de baque. Coloquei sua cabeça ali perto, e então me assustei ao ver sem querer que seus dedos da mão direita estavam se mexendo involuntariamente.

Nunca soube de nada sobre aquilo. Maria nunca me disse nada, e muito menos Nettie e Lucy, que também eram experientes nessa vida.

Pensei comigo, se a mordida em meu braço se curou, apesar de me castigar com uma bela de uma nova cicatriz pálida, seria possível este homem sobreviver sem sua cabeça? De alguma forma, fazer com que a pele curasse a falta de cabeça?

Assustado com as prováveis hipóteses, resolvi desmembrá-lo de vez. Arranquei lhe os braços e as pernas. Com o ato, suas roupas se rasgaram com um alto barulho. Não pensei duas vezes, juntei tudo o que havia dele ali e joguei na imensa fogueira que havia no centro da rua. Outros corpos estavam sendo jogados ali também.

Corri em direção aos outros que estavam lutando, e resolvi dar-lhes uma forcinha. Ao passar pelos inimigos, eu os tocava mandando ondas de cansaço. Rapidamente eles tinham recaídas, e então eu e o outro vampiro acabávamos de vez com ele. Eu o segurava enquanto o outro lhe arrancava a cabeça e os membros.

Foi assim que, após três longas horas, chamei de volta os nossos soldados. A fogueira já queimava alta, mas ainda restavam alguns corpos no chão. Creio que devo acrescentar que estes corpos estavam sem cabeça – instintivamente olhei para seus dedos, mas nenhum deles se mexia.

Ok, aquele cara em especial devia ter sangue de lagartixa.

“Soldados, agora temos que recolher as pistas. Os corpos que continuarem no chão serão jogados na fogueira. E qualquer pergunta deve ser feita somente a mim” acrescentei após o início de uma conversa frenética.

Um deles, Carl, veio até mim quando os outros ainda não tinham se dispersado para recolher os corpos. Cansado – sim, vampiros conseguem ficar cansados caso não saibam – ele me disse.

“Jasper, temos de jogar também os nossos?”

Nervosismo, medo, horror, dor, cansaço, orgulho... havia tanta coisa passando por ele naquele momento...

“Bem, sim, não podemos deixar para trás qualquer um que seja. Mortos ou quase mortos, nossos soldados ou inimigos, são todos vampiros, caro Carl.”

“Hmmm...” foi a única coisa que ele disse, e então percebi que havia mais a ser dito. Os outros nem se mexeram, pois temiam pelo que eu tinha de saber.

“Por que está assim tenso? Algum problema? O que houve? Maria está bem? E Nettie e Lucy?” eu estava começando a ficar desnecessariamente preocupado.

“Sim, não se preocupe com elas três. Assim que começou a luta, elas três saíram da cidade e Maria me disse que voltariam quando tudo estivesse terminado. Se não voltassem, deveríamos voltar para aquela montanha de onde vimos a cidade toda.”

“Ok, então. Se esse não é o problema, o que é? Por que essas caras?” perguntei a todos, sem preferência.

“Bem” Carl começou, “quatro nossos perderam as cabeças. Apenas um deles foi totalmente desmembrado” – ele ainda estava nervoso. Aliás, ele não... eles.

“Continuo sem entender. São quatro por onze. Foi uma vitória fácil e poucas foram as perdas. Lutamos bem e os que continuam aqui estão bem. Não sei aonde você quer chegar Carl...” lhe disse por fim.

Ele olhou para os outros que agora vinham se postar perto de nós dois. Me olhou de novo indeciso se deveria falar, mas então, pela face, tentou achar a maneira mais fácil de me dizer. Ela inspirou profundamente – tomando coragem – e então deu seu veredicto.

“Um deles era Elliot!”